O que é um padre?
(Padre
J.Baeteman)
Sem
dúvida é um homem como nós, porém um homem obrigado, pela
vocação, a viver num plano superior, a tender à perfeição,
mesmo à santidade; um homem condenado a viver só, sem
família, a fim de ter o coração livre e sempre pronto à
todas as dedicações; um homem que segundo a palavra do P.
Chevrier, é "feito para ser comido"; um homem que não se
pertence, mas que pertence a todos.
Como
Cristo ele está na terra "para servir". E que servidão a
sua! Dia e noite ele está à disposição dos que necessitam do
seu ministério; passará horas a fio nisso... quantos padres
têm perdido a saúde em conseqüência de estágios prolongados
no confessionário! Em particular nas vésperas das festas, ás
vezes eles entrarão ali ás seis horas da manhã para saírem
já noite fechada! Em certos momentos, o seu pobre corpo não
pode mais, a cabeça estala; mas eles têm de permanecer no
seu posto. Estão ali "para servir". Ali ouvem confissões
perturbadoras, ficam ligados a elas por um segredo terrível,
a ponto de deverem morrer antes que revelarem o que ouviram.
E, se uma epidemia estender suas devastações sobre o país,
eles serão sempre os primeiros, e por dever, a ir à
cabeceira dos doentes, ainda quando tivessem com isso de
contrair o contágio e a morte. Devem "servir"!
No
campo, é uma solidão esmagadora e, às vezes, a pobreza
extrema... Nas cidades, o padre é "moído", da manhã à noite,
pelos ofícios, pelos catecismos, pelos doentes, pelas
visitas obrigatórias, pelos patronatos, etc...
E quantos que, á noite, ainda são obrigados a ocupar-se de círculos de estudos, de sessões a preparar, e o mais; expostos ainda a levantar-se se, durante a noite, os chamarem à cabeceira de um moribundo!
Na
realidade, quando olhada sem "parti-pris", a vida do padre é
simplesmente heróica.
O que
os inimigos exprobram, sobretudo, não é o bem que ele faz, é
vê-lo teimar em viver na cruz, como seu Mestre,
condenando-lhes assim os costumes dissolutos! A ele, como a
Cristo, eles bradam: "Desce da tua cruz!" Então talvez eles
lhe perdoassem, se o vissem tornar-se como um deles. Mas o
eleito de Deus obstinar-se-á na sua vida rude, crucificado,
solitário; jamais descerá da sua cruz, jamais renunciará ao
seu papel de Cristo. Por isto, será sempre perseguido pelas
injúrias, pelos sarcasmos, pelos escárnios e pelo ódio.
Os
jornais de 1937 noticiaram que, na Espanha, 50% dos padres
haviam sido fuzilados, torturados, trucidados; em certas
regiões a proporção foi até 90%.
...Um
missionário da China, voltando à França depois de haver por
milagre escapado a horríveis perigos, ao descer do navio, em
Marselha, arrastava o seu pobre corpo gasto, amortecido. Uns
operários passam por junto dele, e um deles, apontando-o aos
outros, exclama: "Quando será que se jogará na água esse
lepra?" Por que esse grito de ódio? Era um padre!
... A
nossa batina designar-nos-á sempre aos punhais dos sicários
e às balas dos desordeiros!
(Padre
Baeteman - Mais perto de Ti, meu Cristo - pág. 249 a 252)
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