"Luta espiritual, segundo São Bento."
As três brechas
São Bento encontrou três brechas por onde o inimigo pode entrar em nosso coração. A luta espiritual acontece aí nestes lugares de maior fragilidade humana e espiritual. É nestas brechas que precisamos maior vigilância.
Primeira brecha: A cobiça
É
a idolatria das coisas. Por exemplo, fazer do dinheiro um deus. É o
apego as coisas da terra. São Bento coloca como símbolo desta brecha o
porco, pois seu focinho está sempre ligado ao chão. No Evangelho o filho
pródigo, após ter gastado todos os seus bens, foi trabalhar no meio dos
porcos. Nesta brecha a luta acontece na reorientação dos desejos. É
preciso conquistar uma atitude de oblação, de generosidade, desapego. É
neste sentido que os religiosos fazem o voto de pobreza.
Segunda brecha: A vaidade
É a idolatria do outro como
objeto de prazer. É a necessidade distorcida de ser reconhecido e amado,
pois esquece a relação de fraternidade com o próximo e pensa apenas em
si mesmo. A vaidade se torna neste caso motivação até de coisas boas,
mas no fundo está o apego idólatra aos elogios e a toda espécie de
prazer. É fazer tudo só pelo interesse de ocupar o primeiro lugar, ser
bem visto pelos outros, elogiado, ter status, ser admirado. Aqui São
Bento usa o símbolo do Pavão. É preciso reorientar esta necessidade
natural e boa de ser reconhecido e amado. É dizer com sua vida e todo o
seu coração: Senhor, vosso é o Reino, o Poder e a Glória. Se na
primeira brecha, a atitude de desapego era uma garantia de vitória,
nesta segunda brecha é necessário perseguir a atitude da solidariedade,
do diálogo, da comunhão com Deus e com o próximo. Para isso é
fundamental a mansidão e a simplicidade. É neste sentido, de reorientar
todos os afetos para o serviço da comunhão, que os religiosos fazem voto
de castidade.
Terceira brecha: O orgulho
É querer dominar tudo para si.
Ser um verdadeiro deus. É a idolatria de "si mesmo." Aqui São Bento
ilustra com o simbolo da águia. O orgulho é a origem de todos os
pecados. É pelo orgulho que o homem se separa de Deus e procura sua
independência. É necessário perseguir a virtude da humildade. Na luta
espiritual, as vezes Deus nos dá a graça da humilhação (cf.Eclo 2) como
uma espécie de exercício para crescermos na humildade e vencermos a
brecha do orgulho. Neste sentido os religiosos fazem o voto de
obediência.
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