sábado, 29 de setembro de 2012

Bíblia: Palavra de Deus manifestada pelo amor


Estamos encerrando, nesta semana, o mês dedicado aos estudos da Bíblia. Assim, é preciso que cada cristão, comprometido durante este período a reservar um tempo para estudar a Palavra de Deus,  não fique apenas neste tempo, mas intensifique ainda mais sua leitura.
A Sagrada Escritura é um dos livros mais lidos em todo o mundo. Mais que um best seller,ela é especial, porque foi escrita exclusivamente para você. Segundo o professor Felipe Aquino, a Bíblia é como uma carta de Deus escrita para toda a Igreja.
“Jesus não escreveu nada, apenas deixou para que a Igreja escrevesse. Ele disse: “O Espírito Santo relembrará todas as minha palavras”. Por isso, é importante que a família tenha um lugar especial para a Bíblia e proporcione momentos de reflexão da Palavra a seus membros”, disse o professor.
Ouça, na íntegra, o especial ‘Por que a Bíblia foi escrita para mim?’.
É fundamental os cristãos entenderem que a Palavra de Deus é o livro do amor do Senhor revelado a nós. Toda a historicidade presente, em cada um dos 73 livros da Bíblia, conta para nós a verdade de Jesus, pois, nela, estão presentes os mais de 40 milagres realizados pelo Senhor, os quais homem nenhum poderia realizar.
Ouça, na íntegra, o podcast ‘A Bíblia é um livro de crendices?’.
Para encerrar o podcast, professor Felipe pede para que leiamos a Bíblia e ouçamos o que a Igreja nos ensina, para que possamos interpretar e compreender a Sagrada Escritura corretamente.

Testemunho de uma devota de Santa Terezinha


‘Eu sou irmã’
Depois de ter deixado a Igreja e a prática religiosa durante vários anos, vivi situações pessoais difíceis; até que, um dia, fui em peregrinação à Medjugorge. Lá, redescobri a eficácia da oração (um diálogo com Deus), a necessidade de recorrer aos sacramentos da reconciliação e da Eucaristia, além da ajuda preciosa e da intercessão dos santos.
Quando abrimos os olhos do coração, este olhar interior nos faz contemplar os sinais de Deus em nossas vidas pela intercessão de pessoas que encontramos e dos santos que cruzam nosso caminho para nos sustentar. Hoje, eu só posso testemunhar a proteção de Maria, a presença discreta e fiel de Santa Teresinha e de outros bem-aventurados como Marthe Robin.
Percebo que Santa Teresinha me acompanha desde o meu batismo, o qual, inclusive, aconteceu numa igreja dedicada a ela.
Um dia, encontrei uma frase escrita, sobre uma foto dela, que reflete bem nossa relação. Esta frase diz muito para uma filha única como eu; além disso, unida aos sinais que foram aparecendo, fez com que eu a acolhesse com uma grande alegria. Ela dizia: ‘eu sou sua irma’. Eu fiquei sabendo, há pouco tempo, que minha mãe tinha me confiado a ela sem me dizer.
Eu preciso confessar que, no início, eu não gostava de jeito nenhum dela. Eu a via muito bobinha e, cada vez que eu encontrava uma imagem dessa jovem francesa do fim do século XIX, eu me lembrava da primeira vez que sua imagem tinha me chamado a atenção. Foi na casa de um rapaz que eu amava muito. E eu tive raiva dela, porque, quando o nosso namoro acabou, sem entender, eu logo disse a mim mesma que não servia para nada esta devoção, já que ela não ajudou para que nossa relação desse certo!
Com o tempo, porém, eu entendi que ela me protegeu, pois nós não éramos, realmente, feitos um para o outro.
Carmelita e padroeira das missões, eu a encontro em muitos lugares por onde passo. Hoje, ela caminha também conosco por meio de suas relíquias, as quais nos motivam a rezar com ainda mais confiança. Nós somos humanos e é agradável podermos nos aproximar de elementos que pertenceram àqueles que buscam o nosso bem.
Assim como era seu desejo, ela passa seu céu fazendo o bem na terra. Ela vela sobre os que vem a ela, especialmente numa capela de Paris, na qual suas relíquias são veneradas. Mas também em Lisieux, onde ela viveu e onde podemos ir em peregrinação.
Além de poeta, esta mística e doutora da Igreja é um modelo de uma amiga que nos exercita na escola das virtudes, especialmente à humildade.
Numa exclamação: ‘Quero ver Deus’, ela toma a minha mão para me fazer avançar num caminho interior de contemplação, cujo reflexo é a ação.
Na sua sede de Deus, ela conduz a oração em direção à estrada da santidade como ela mesma o fez, com o venerável padre Marie Eugène, o qual está para ser canonizado. Esta apaixonada pelo Senhor nos sustenta nas provações e nas noites da fé, quando somente a esperança pode nos iluminar. Fruto do amor e do sacramento do matrimônio dos bem-aventurados Zélie et Louis Martin, seus pais, ela nos convida a meditar sobre nossa própria vocação.
Os santos são nossos amigos e nossa família do céu. Não nos privemos de sua ajuda nem da graça de melhor conhecê-los!
Então, cantemos a bondade infinita de Deus com Santa Teresinha:
‘Se eu tivesse cometido todos os crimes possíveis,  teria sempre a mesma confiança; sinto que toda essa multidão de ofensas seria como uma gota d’água jogada em uma fornalha ardente’.

Santos Arcanjos, socorrei-nos!


ArcanjosCom muita alegria, a Igreja celebra, no dia 29 de setembro, a festa litúrgica dos santos arcanjos: Miguel (Quem como Deus), Gabriel (Força de Deus) e Rafael (Cura de Deus). Eles têm a função de cuidar de diversos aspectos da vida das pessoas, principalmente porque trabalham juntos para iluminar nossos caminhos. É sempre bom recorrer aos anjos quando estamos com um problema, em casos de urgências, perigo e sofrimento.
A presença dos anjos é muito simples e discreta. Somente no céu teremos a verdadeira noção do quantos eles nos guardam nesta caminhada. Fazem de tudo para nos levar ao Senhor e nos guarda das armadilhar do mal.
Peçamos, neste dia especial, a santa proteção dos arcanjos para não cairmos nas armadilhas e ciladas do demônio.
O combate é espiritual, porém, o que nos resta fazer é pedir sempre a guarda deles: “Quem é como Deus”- São Miguel, Rafael e Gabriel, rogai por nós.
Oração aos santos arcanjos
Ajudai-nos, ó grandes santos, irmãos nossos, que sois servos como nós diante de Deus. Defendei-nos de nós mesmos, de nossa covardia e tibieza, de nosso egoísmo e de nossa ambição, de nossa inveja e desconfiança, de nossa avidez em procurar a saciedade, a boa vida e a estima.
Desatai as algemas do pecado e do apego a tudo o que passa. Desvendai os nossos olhos que nós mesmos fechamos para não precisar ver as necessidades de nosso próximos e poder, assim, ocupar-nos de nós mesmos numa tranquila autocomplacência. Colocai em nosso coração o espinho da santa ansiedade de Deus para que não deixemos de procurá-lo com ardor, contrição e amor.
Contemplai em nós o Sangue do Senhor, que Ele derramou por nossa causa.  Contemplai em nós as lágrimas de vossa Rainha, que ela derramou sobre nós.
Contemplai em nós a pobre, desbotada, arruinada imagem de Deus, comparando-a com a imagem íntegra que deveríamos ser Sua vontade e Seu amor.
Ajudai-nos a conhecer Deus, a adorá-Lo, a amá-Lo e a servir-Lhe. Ajudai-nos no combate contra os poderes das trevas que, traiçoeiramente, nos envolvem e nos afligem.
Ajudai-nos para que nenhum de nós se perca e para que, um dia, estejamos todos jubilosamente reunidos na eterna bem-aventurança. Amém.
São Miguel, assisti-nos com vossos santos anjos;
Ajudai-nos e rogai por nós.
São Rafael, assisti-nos com vossos santos anjos;
Ajudai-nos e rogai por nós.
São Gabriel, assisti-nos com vossos santos anjos;
Ajudai-nos e rogai por nós.


Paz e bem a todos

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O mundo sempre nos fará guerra


São Francisco de Sales

Assim que a tua devoção se for tornando conhecida no mundo, maledicências e adulações te causarão sérias dificuldades de praticá-la. Os libertinos tomarão a tua mudança por um artifício de hipocrisia e dirão que alguma desilusão sofrida no mundo te levou por pirraça a recorrer a Deus.


Os teus amigos, por sua vez, se apressarão a te dar avisos que supõem ser caridosos e prudentes sobre a melancolia da devoção, sobre a perda do teu bom nome no mundo, sobre o estado de tua saúde,sobre a necessidade de viver no mundo conformando-se aos outros e, sobretudo, sobre os meios que temos para salvar-nos sem tantos mistérios.
Filoteia, tudo isso são loucas e vãs palavras do mundo e, na verdade, essas pessoas não têm um cuidado verdadeiro de teus negócios e de tua saúde: Se vós fôsseis do mundo, diz Nosso Senhor, amaria o mundo o que era seu; mas, como não sois do mundo, por isso ele vos aborrece.

Veem-se homens e mulheres passarem noites inteiras no jogo; e haverá uma ocupação mais triste e insípida do que esta? Entretanto, seus amigos se calam; mas, se destinamos uma hora à meditação ou se nos levantamos mais cedo, para nos prepararmos para a santa comunhão, mandam logo chamar o médico, para que nos cure desta melancolia e tristeza. Podem-se passar trinta noites a dançar, que ninguém se queixa; mas por levantar-se na noite de Natal para a Missa do Galo, começa-se logo a tossir e a queixar de dor de cabeça no dia seguinte.
Quem não vê que o mundo é um juiz iníquo, favorável aos seus filhos, mas intransigente e severo para os filhos de Deus?

Só nos pervertendo com o mundo, poderíamos viver em paz com ele, e impossível é contentar os seus caprichos – Veio João Batista, diz o divino Salvador, o qual não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Ele está possesso do demônio. Veio o Filho do Homem, come e bebe, e dizeis que é um samaritano.
É verdade, Filoteia, se condescenderes com o mundo e jogares e dançares, ele se escandalizará de ti; e, se não o fizeres, serás acusada de hipocrisia e melancolia. Se te vestires bem, ele te levará isso a mal, e, se te negligenciares, ele chamará isso baixeza de coração. A tua alegria terá ele por dissolução e a tua mortificação por ânimo carrancudo; e, olhando-te sempre com maus olhos, jamais lhe poderás agradar.
As nossas imperfeições ele considera pecados, os nosso pecados veniais ele julga mortais, e malícias, as nossas enfermidades; de sorte que, assim como a caridade, na expressão de S. Paulo, é benigna, o mundo é maligno.

A caridade nunca pensa mal de ninguém e o mundo o pensa sempre de toda sorte de pessoas; e, não podendo acusar as nossas ações, condena ao menos nossas intenções. Enfim, tenham os carneiros chifres ou não, sejam pretos ou brancos, o lobo sempre os há de tragar, se puder.
Procedamos como quisermos, o mundo sempre nos fará guerra. Se nos demorarmos um pouco mais no confessionário, perguntará o que temos tanto que dizer; e, se saímos depressa, comentará que não contamos tudo. Espreitará todas as nossas ações e, por uma palavra um pouco menos branda, dirá que somos insuportáveis. Chamará avareza o cuidado por nossos negócios, e idiotismo a nossa mansidão. Mas, quanto aos filhos do século, sua cólera é generosidade; sua avareza, sábia economia; e suas maneiras livres, honesto passatempo. É bem verdade que as aranhas sempre estragam o trabalho das abelhas!

Abandonemos este mundo cego, Filoteia; grite ele quanto quiser, como uma coruja para inquietar os passarinhos do dia. Sejamos firmes em nossos propósitos, invariáveis em nossas resoluções e a constância mostrará que a nossa devoção é séria e sincera. Os cometas e os planetas parecem ter o mesmo brilho; mas os cometas, que são corpos passageiros, desaparecem em breve, ao passo que os planetas brilham continuamente. Do mesmo modo muito se parece a hipocrisia com a virtude sólida e só se distingue porque aquela não tem constância e se dissipa como a fumaça, ao passo que esta é firme e constante.

Demais, para assegurar os começos de nossa devoção, é muito bom sofrer desprezos e censuras injustas por sua causa; deste modo nós nos premunimos contra a vaidade e o orgulho, que são como as parteiras do Egito, às quais o infernal Faraó mandou matar os filhos varões dos judeus no mesmo dia de seu nascimento. Enfim, nós estamos crucificados para o mundo e o mundo deve ser crucificado para nós. Ele nos toma por loucos; consideremo-lo como um insensato.

(São Francisco de Sales, Filoteia – ou Introdução à Vida Devota –, Ed. Vozes, 16ª edição, 2008, págs. 363 à 367).

O pequeno número daqueles que são salvos

São Leonardo de Porto Maurício:



São Leonardo de Porto Maurício era um frade franciscano mais sagrado que viviam no mosteiro de São Boaventura, em Roma. Ele foi um dos maiores missionários na história da Igreja. Ele costumava pregar para milhares de pessoas na praça de cada cidade e cidade onde as igrejas não conseguia segurar os seus ouvintes. Tão brilhante e santo era a sua eloquência que uma vez quando ele deu uma missão de duas semanas em Roma, o Papa eo Colégio dos Cardeais chegou a ouvi-lo. A Imaculada Conceição da Virgem Santa, a adoração do Santíssimo Sacramento e de veneração do Sagrado Coração de Jesus, eram suas cruzadas. Ele estava em nenhuma maneira pequena responsável pela definição da Imaculada Conceição fez um pouco mais de cem anos após sua morte. Ele também nos deu os louvores divinos, que se diz no final da Bênção. Mas a obra mais famosa de São Leonardo foi sua devoção à Via Sacra. Ele teve uma morte mais sagrado em seu septuagésimo quinto ano, após 24 anos de pregação contínua.

Uma das Saint Leonard de sermões mais famosos de Porto Maurício era “o pequeno número de aqueles que são salvos.” Foi o que ele invocado para a conversão dos pecadores grande. Este sermão, como seus outros escritos, foi submetida a exame canônico durante o processo de canonização. Nela, ele analisa os vários estados de vida dos cristãos e conclui com o pequeno número daqueles que são salvos, em relação à totalidade dos homens.

O leitor que medita sobre este texto notável irá captar a solidez de sua argumentação, que mereceu a aprovação da Igreja. Aqui está o grande missionário do sermão vibrante e comovente.

Download do texto completo clic no link abaixo:


http://www.4shared.com/get/gdufaC84/So_Leonardo_de_Porto_Maurcio.html

O zelo pelas almas


S. Francisco de Salles


"À medida que o amor de Deus vai tomando posse dos nossos corações, faz nascer e alimenta neles um amor cada vez maior para com o próximo, amor que, sendo sobrenatural, tende acima de tudo ao bem sobrenatural dos nossos semelhantes e converte-se em zelo pela salvação das almas.

Se amamos pouco a Deus, também amaremos pouco as almas e, vice-versa, se o nosso zelo pelas almas é fraco, também o é o nosso amor a Deus. Efetivamente, como seria possível amar muito a Deus sem amar muito os que são Seus filhos, os que são objeto do Seu amor, dos Seus cuidados, do Seu zelo? As almas são, por assim dizer, o tesouro de Deus. Ele criou-as à Sua imagem e semelhança por um ato de amor, remiu-as com o Sangue do Seu Unigênito por um ato de amor ainda maior."Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que crê nele não pereça, mas tenha a vida eterna" ( Jo. III, 16 ).
Quem penetrou o mistério do amor de Deus aos homens, não pode permanecer indiferente pela sua sorte: à luz da fé compreendeu que tudo quanto Deus opera no mundo é para seu bem, para sua felicidade eterna e quer de algum modo participar nesta ação, sabendo que não pode fazer coisa mais agradável a Deus do que prestar a sua humilde colaboração na salvação dos que Lhe são caros. Foi sempre este o desejo ardente dos santos, desejo que os impeliu a realizar heroísmos de generosidade, ainda que fosse para o bem de uma só alma. "Esta - escreve Santa Teresa d'Ávila- é a inclinação que o Senhor me deu. Parece-me que Ele aprecia mais uma só alma que Lhe ganhemos com as nossas indústrias e orações mediante a Sua misericórdia, do que todos os serviços que Lhe possamos fazer" ( Fd. 1, 7 ).

 É verdade que o fim primordial da ação de Deus é a Sua glória, mas Ele, infinitamente bom, gosta de a procurar particularmente através da salvação  e felicidade das Suas criaturas. De fato nada exalta tanto a Sua bondade, o Seu amor, a Sua misericórdia, como a obra salvífica em favor dos homens. Por isso, amar a Deus e a Sua glória significa amar as almas, significa trabalhar e sacrificar-se pela sua salvação.

O zelo pelas almas nasce da caridade, da contemplação de Jesus crucificado: as Suas chagas, o Seu Sangue, os sofrimentos dilacerantes da Sua agonia, dizem-nos como valem as almas na presença de Deus e como Ele as ama. Este amor, porém, não é correspondido e parece que os homens ingratos querem fugir cada vez mais à Sua ação. É  o triste espetáculo de todos os tempos que ainda hoje se repete, como se quisessem insultar Jesus e renovar a Sua Paixão. "Todo mundo está em chamas: os ímpios querem, por assim dizer, voltar a sentenciar a Cristo, pois levantam contra Ele mil falsos testemunhos e querem deitar por terra a Sua Igreja". Se Teresa d'Ávila ( Caminho 1, 5 ) podia afirmar isto do seu século atormentado pelo protestantismo, com muito maior razão podemos afirmá-lo nós do nosso, em que a luta contra Deus e contra a Igreja aumentou desmedidamente e alastra por todo o mundo. Felizes de nós se pudéssemos também repetir com a Santa: "Despedaça-me o coração a perda de tantas almas. Quisera não ver perder-se mais nenhuma... Mil vidas sacrificaria eu para salvar uma só alma das muitas que se perdem" ( ib. 4 e 2). Mas não se trata só de formular desejos; é preciso agir, é preciso trabalhar e sofrer pela salvação dos irmãos.

São João Crisóstomo afirma que "nada há de mais frio do que um cristão que não se preocupa com a salvação dos  outros". Esta frieza  é conseqüência de uma caridade muito frouxa; acendamos, reavivemos a caridade e acender-se-á em nós o zelo pela salvação das almas. Então o nosso apostolado deixará de ser um dever imposto do exterior  que devamos  cumprir    necessariamente por obrigação do nosso estado, para se tornar uma exigência do amor, uma chama que se inflama espontaneamente no fogo interior da caridade.

Dar-se à vida interior não significa fechar-se numa torre de marfim para gozar tranquilamente as consolações divinas, desinteressando-se do bem alheio, mas significa concentrar todas as energias na busca de Deus, no trabalho da santificação pessoal para agradar a Deus e adquirir um poder de ação e intercessão capaz de obter a salvação de muitas almas". ( Extraído do Livro "Intimidade Divina" de autoria do P. Gabriel de Sta. M. Madalena, O.C.D. ).

Vamos completar este artigo com alguns excertos do livro "Tratado do Amor de Deus" de autoria de São Francisco de Salles.

"Não há dúvida, meu caro Teótimo, de que Moisés, Fineas, Elias, Matatias, e muitos servos de Deus se serviram da cólera, para exercerem o zelo em muitas ocasiões assinaladas.

Convém, porém, notar que eram pessoas com a capacidade suficiente para bem manejarem as paixões e dominarem a cólera.

São Dionísio, falando a Demófilo que pretendia chamar zelo à fúria e raiva que o dominavam, disse-lhe: "Quem quiser corrigir os outros deve, em primeiro lugar, empregar o máximo cuidado,  de impedir que a cólera exceda a razão do império e domínio que Deus deu à alma, e provoque revolta, sedição ou confusão em nós mesmos. E por isso nunca podemos aprovar vossos ímpetos de zelo indiscreto, ainda que mil vezes aponteis o exemplo de Fineas e Elias, porque tais palavras não agradaram a Jesus Cristo, quando lhe foram dirigidas pelos Discípulos, que não tinham ainda participado do seu doce e benigno espírito".

Quando Fineas, continua São Francisco de Salles, viu aquele desgraçado Israelita ofender a Deus com uma Moabita, matou-os ambos; Elias predissera a morte de Ocozias, que, indignado com a profecia, enviou dois capitães, um depois do outro, com cinqüenta soldados para o prender; o homem de Deus fez descer o fogo do céu, que os fulminou.

Ora um dia Nosso Senhor, passando na Samaria, mandou a uma cidade pedir hospedagem, mas os habitantes, ao saberem que Nosso Senhor era Judeu de nação e ia para Jerusalém, recusaram-lha.

À vista desta recusa, São João e São Tiago, disseram a Jesus:Quereis, Senhor, que façamos descer sobre eles fogo que os devore? Mas Nosso Senhor, voltando-se para eles, repreendeu-os com estas palavras: Vós não compreendeis de que espírito sois; o Filho do Homem não veio para perder as almas, veio para as salvar ( Luc. IX, 52-56. ).

Ora, é isto que quer dizer São Dionísio a Demófilo quando este alegava em sua defesa o exemplo de Fineas e de Elias. São João e São Tiago queriam imitar a Elias, fazendo descer o fogo do céu  sobre os homens, mas Nosso Senhor repreendeu-os e fez-lhes perceber que o Seu zelo, era doce, bondoso e afável e que empregava a cólera rarissimamente só quando não houvesse esperança alguma de tirar resultado doutra sorte.

Aqueles grandes santos eram inspirados imediatamente por Deus e conseguiam por isso empregar a cólera sem perigo. O mesmo Espírito que os incitava, segurava também as rédeas da sua justa cólera, para que esta não excedesse os limites que lhe fixava.

Porque São Paulo uma vez chamou aos Gálatas de insensatos; porque descobriu aos de Cândia as suas depravadas inclinações; porque resistiu de frente ao glorioso São Pedro, seu superior, segue-se daí que nos seja lícito injuriar os pecadores, difamar as nações, desautorizar e censurar os nossos superiores e prelados? Não, porque nós não somos S. Paulo, para sabermos fazer essas coisas com cabimento.

Porém os espíritos avinagrados, descontentes, presumidos e maldizentes, servindo apenas as inclinações, humores, aversões e temeridades próprias, querem encobrir a sua injustiça com a capa de zelo e deixam-se, sob o nome deste fogo sagrado, devorar pelas próprias paixões.

O verdadeiro zelo é filho da caridade, porque reside no ardor; como ela é paciente, benigno, imperturbável; não quer debates, não tem ódios, nem invejas, e compraz-se na verdade.


Fonte: S. Francisco de Salles - Tratado do Amor de Deus, livro X, cap XVI 

Créditos ao excelente blog Católicos Ribeirão

Os maus cristãos

Por Santo Agostinho, bispo de Hipona (354-430).




Conserva tudo isso gravado no teu coração e invoca a Deus, em quem crês, que te guarde das tentações do diabo. Sê cauteloso para que se não insinue em ti o inimigo que, para o mal-intencionado alívio de sua condenação, procura descobrir companheiros com quem seja condenado.  


Ele ousa tentar os cristãos não só por meio dos que odeiam o nome cristãos e, lamentando que toda a terra esteja tomada por esse nome, desejam ainda servir como escravos aos ídolos e supertições diabólicas: tenta-os também, algumas vezes, através dos que a pouco lembramos, esses que cortados da unidade da Igreja como de uma videira podada são chamados heréticosou cismáticos. Outras vezes, procura experimentá-los e seduzi-los por meio dos judeus.  

Mas o que cada um deve é tomar o maior cuidado para não ser tentado e iludido por homens que se encontram na própria Igreja católica - esses que, como palha, a Igreja tolera até o tempo da debulha. 

Deus é paciente com eles porque, através do exercício de sua perversidade, confirma a fé e a prudência dos eleitos. E também porque muitos se tornam melhores e, condoídos das próprias almas, voltam com grande entusiasmo a agradar a Deus. E graças à paciência divina, nem todos acumulam ira para o dia da cólera do justo Juízo de Deus: muitos, a mesma paciência do Onipotente os conduz à mais salutar das dores, a da penitência. 

Enquanto isso, exercita-se por meio deles não só a tolerância mas também a misericórdia dos que já estão no caminho reto. 

Hás de ver muitos ébrios, avaros, trapaceiros, jogadores, adúlteros, fornicadores; verás a muitos que se atam com remédios sacrílegos, ou se entregam aos encantadores, astrólogos e advinhos de quaisquer artes ímpias. 

Hás de notar, ainda, que enchem as igrejas nos dias de festa as mesmas turbas que enchem os teatros nos dias solenes dos pagãos: e vendo-os, serás tentado a imitá-los. 

Por que digo verás o que, já no presente, com certeza sabes? (...)Não ignoras certamente que muitos, que se dizem cristãos, praticam todos esses atos que em poucas palavras lembrei. E talvez não ignores que algumas vezes praticam faltas mais graves - esses mesmos que se chamam de cristãos. 

E, se vens com a intenção de, despreocupado, praticar os mesmos atos, muito te enganas: de nada te servirá o nome de Cristo quando começar a julgar severamente Aquele que antes se dignara socorrer misericordiosamente. [1]

Ele o anunciou e o diz no Evangelho: "Nem todo aquele que me diz 'Senhor, Senhor', entrará no reino dos céus, mas o que faz a vontade de meu Pai. Muitos me dirão naquele dia 'Senhor, Senhor, em teu nome comemos e bebemos'"[2].

A condenação é o fim de todos os que perseveram em tais ações. Quando vires, portanto, muitos não 'só as praticarem mas também defendê-las e aconselhá-las, conserva-te na Lei de Deus e não sigas os prevaricadores[3]. Na verdade, não serás julgado segundo o sentimento deles, mas segundo a verdade dele.

[1] 2Pd. 2, 12ss;
[2] Mt. 7, 21-22; Lc. 13,26;
[3] Fl. 3,18.

Fonte: A Instrução dos Catecúmenos - Santo Agostinho; Ed. Vozes, Petrópolis - RJ, 2005. 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Somos cidadãos do Céu


O cristão vive com os pés na terra e com o coração no céu
Com essas palavras, São Paulo indicou aos filipenses e a todos nós, cristãos, qual é a nossa vocação última. E o apóstolo acrescentou: “É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso” (Fl 3,20b-21a).
Essa é a razão da nossa esperança, aquela que São Pedro pediu que manifestássemos aos outros (cf. I Pd 3,15).
O cristão vive com os pés na terra e com o coração no céu. Toda a pregação da Igreja é baseada na esperança da ressurreição. “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Cor 15,14), disse São Paulo. E o apóstolo afirmou: “Se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima” (I Cor 15,19).
Muitos cristãos põem a esperança em Cristo apenas nesta vida, buscando nEle segurança, saúde, paz, conforto, dinheiro, até prestígio e prazer, só para esta vida, esquecendo-se de que são cidadãos dos céus. “Esses”, disse São Paulo, “de todos os homens, são os mais dignos de lástima” (citação livre de I Cor 15,19).
Cristo não veio para ser um libertador social (não redentor), descompromissado com aquele que disse: “O meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36a).
Cristo nos quer a todos no céu, vivendo definitivamente com Ele. Para isso, devemos sacrificar toda a nossa vida aqui nesta terra. Foi o próprio Senhor quem nos disse claramente: “Pois, que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida?” (Mc 8,36). Em outro lugar disse: “Não ajunteis para vós tesouros na terra (…). Ajuntai para vós tesouros no céu (…). Porque, onde está o teu tesouro, lá também está teu coração” (Mt 6,19a.20a.21). Nosso tesouro e nosso coração devem estar no céu e não na terra.
O Senhor se fez homem e passou pela amarga paixão, morte e ressurreição exatamente para nos conquistar uma morada no céu. Momentos antes de beber o cálice da paixão, Ele disse aos discípulos: “Na cada de meu Pai há muitas moradas. Não fora, assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais” (Jo 14, 2-3). Alegremo-nos, irmãos, pois somos cidadãos do céu.
Toda a nossa vida aqui nesta bela terra deve ser apenas uma diligente preparação para vivermos eternamente com Deus que é amor (cf. I Jo 4,8). São Paulo nos assegurou que “temos no céu uma casa feita por Deus e não por mãos humanas” (cf. II Cor 5,1). Para o apóstolo a vida terrena era um exílio: “Todo o tempo que passamos no corpo é um exílio longe do Senhor” (II Cor 5,6b). E ansiava pelo céu, dizendo: “Suspiramos e anelamos ser sobrevestidos da nossa habitação celeste (…). Pois, enquanto permanecemos nesta tenda, gememos oprimidos (…). Estamos, repito, cheios de confiança, preferindo ausentar-nos deste corpo, para ir habitar junto do Senhor” (II Cor 5,2.4a.8) e “para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fl 1,21).
Todo cristão tem de ansiar pelo céu, pois ali é o seu destino. Pelos merecimentos de Jesus Cristo, somos filhos de Deus e participantes da natureza divina (cf. II Pd. 1,4); logo, somos herdeiros do céu: “Se somos filhos, também somos herdeiros”, disse São Paulo (citação livre de Rm 8,17).
Desejar o paraíso, disse Santo Afonso de Ligório, é o mesmo quer desejar a Deus, nosso último, pois lá O amaremos perfeitamente. Ali cumpriremos perfeitamente o mandamento do Senhor: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu pensamento” (Lc 10,27). Disse Santo Afonso que a nossa meta, aspirações e desejos devem ser isto: “Ir gozar de Deus no paraíso, para amá-lO com todas as nossas forças e gozar do gozo de Deus!” E afirmou que a maior felicidade da alma no céu é conhecer a felicidade infinita de Deus. “Entra no gozo do teu Senhor” (citação livre de Mt 25,21). A alma entra na felicidade de Deus; a felicidade de Deus é a sua felicidade.
Afirmou o santo que “no céu a alma fica toda presa e consumida pelo amor de Deus. Ela fica perdida e mergulhada no mar infinito da bondade divina. Esquece-se de si mesma e só deseja amar ao seu Deus. Possui a Deus plenamente sem o medo de poder perdê-lO. A todo o momento se entrega, sem reservas, a Deus. Deus a abraça com amor, e, assim abraçada, a tem e terá por toda a eternidade. Ela nada mais deseja. Deus está unido a ela com a Sua própria essência, saciando-se na medida da capacidade dela e dos seus méritos”.
Alegremo-nos, irmãos, somos cidadãos do céu!
Prof. Felipe Aquino

Os dons de Deus


Imagem de Destaque


Eles não podem ser acumulados em poucas mãos
Dia 30 de setembro, fazemos memória ao patrono da Bíblia, São Jerônimo, um dos tradutores dos textos bíblicos do original para o latim, formando a Bíblia chamada de “Vulgata”. É a Palavra de Deus como sendo o grande dom, um caminho revelador da identidade de Deus em Jesus Cristo. Aí encontramos a indicação dos dons divinos concedidos à pessoa humana.

Toda pessoa, além do dom da vida, é marcada pela presença da bondade do Senhor com habilidades para o bem de todos. Dons que não podem ser privatizados por práticas egoístas. Os bens materiais são dons de Deus e devem ser administrados de forma a propiciar vida digna para todas as pessoas. Deus pedirá conta de quem administra com injustiça.
Na administração dos dons, a prática deve ser de liberdade, evitando um poder centralizado, sem organização, função social e sem a participação da comunidade. Muitos administradores temem ser diminuídos em sua autoridade e, às vezes, são envolvidos por ciúmes, prejudicando o destino dos bens por causa de atos infantis.

A administração dos bens públicos pode revelar um alto grau de imaturidade e despreparo dos seus administradores. Eles são escolhidos pelo nosso voto no dia das eleições. Mas não seria o nosso voto um ato de imaturidade, porque não escolhemos quem tem mais condição, preparo e dignidade para o cargo? Ainda é tampo para refletir sobre isto.

O poder do administrador não pode ser apenas para sua projeção social. Não devemos concordar com o “mal agir”, com a conduta errada, a cobiça, a inveja e a ambição. É necessário extirpar todo tipo de administração que vai contra os princípios do Evangelho, porque as consequências são desastrosas para o povo.

Os dons de Deus não podem ser acumulados em poucas mãos.
 A injustiça social é uma grande ofensa ao Criador. A riqueza centralizada provoca insensibilidade e exploração das pessoas, na qual domina a injustiça e a desonestidade. Temos como fruto a violência e a morte; é um desvio de destino dos bens de Deus.

Caras sorridentes


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Um sorriso não custa nada e rende muito
“Não esqueças - dizia São Josemaria Escrivá - que, às vezes, faz-nos falta ter ao lado caras sorridentes” (Sulco, n. 57).

Ele o recomendava, e (sou testemunha disso) praticava-o em favor dos outros todos os dias. Costumava dizer, por experiência própria, que, em muitas ocasiões, “sorrir é a melhor mortificação”, porque custa. Sim, pode nos custar, custar muito, sobretudo nos dias em que não nos sentimos bem ou andamos aflitos e preocupados, mas o esforço sacrificado de tentar sorrir por amor - por amor a Deus e por amor aos outros -, passando por cima das dificuldades, constitui um belo serviço, pois torna mais amável e alegre a vida dos que convivem conosco.
É estranho, mas alguns pensam que sorrir sem ter vontade é hipocrisia. Não é verdade. Por exemplo, fazer o esforço, no lar, de sorrir para evitar preocupações, angústias, tormentos, mau humor ao marido, à mulher, aos filhos, é um grande ato de amor. O sorriso afetuoso dissipa nuvens, desarma irritações, abre uma nesga de céu por onde pode entrar o sol da alegria e o bom humor.

Por isso, deve-se lutar, esforçadamente, para não privar desse bem os outros. Sorrir não é só uma reação espontânea, uma atitude “natural” que não se pode controlar; pode - e deve, muitas vezes - ser um ato voluntário de amor, praticado com esforço consciente, pensando no bem dos outros.

A este propósito, gosto de recordar um cartão de Boas-Festas que um padre amigo me mandou em fins de 1992. Era uma folha de papel simples, xerocada na paróquia, e trazia uma espécie de poema. Não sei se era da autoria dele ou se o tomara emprestado de alguma publicação ou da internet. Seja como for, o conteúdo era muito simpático. Debaixo do cabeçalho - um sorriso -, vinham as seguintes frases:

- “Não custa nada e rende muito."
- “Enriquece quem o recebe, sem empobrecer quem o dá."
- “Dura somente um instante, mas os seus efeitos perduram para sempre."
- “Ninguém é tão rico que dele não precise."
- “Ninguém é tão pobre que não o possa dar a todos."
- “Leva a felicidade a todos e a toda a parte."
- “É símbolo da amizade, da boa vontade, é alento para os desanimados, repouso para os cansados, raio de sol para os tristes, ressurreição para os desesperados."
- “Não se compra nem se empresta."
- “Nenhuma moeda do mundo pode pagar o seu valor."
- “Não há ninguém que precise tanto de um sorriso como aquele que já não sabe sorrir."
- “Quando você nasceu, todos sorriram, só você é que chorava. Viva de tal maneira que, quando você morrer, todos chorem e só você sorria."

Não se desespere


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“Tranquilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!”
A dor, na maioria das vezes, nos impede de ouvir a Deus. É um exercício conter os sentimentos que ficam confusos dentro de nós. Quando estamos no meio de uma tormenta, é difícil enxergar, por isso, na crise, não se toma nenhuma decisão, disse-nos, uma vez, Dom Alberto Taveira. É preciso deixar a poeira baixar para enxergar melhor. Quando a situação nos impede de ter clareza, os nossos sentimentos se misturam, então, o melhor é ouvir o Senhor. Pela Palavra temos uma direção certa da vontade do Pai, a qual nos salva, nos enche de esperança e nos dá um norte a seguir.

Por isso, quando não você conseguir rezar nem escutar o que o Senhor tema lhe dizer, não se desespere; reze, mesmo que seja com as lágrimas. Ofereça a Deus os seus sentimentos, pensamentos e palavras, pois nada passa despercebido ao Seu olhar e amor. Para Ele nada se perde, tudo se transforma. Deus é o único que consegue tirar de um aparente mal um grande bem. Mais isso requer tempo, suor e, às vezes, muitas lágrimas. É preciso seguir com fé, acreditando naquilo que ainda não se vê, pois a tempestade não dura uma vida toda, mas algumas horas apenas; depois, aparecem o sol e o céu azul. Não se esqueça: depois da cruz vem à ressurreição!
"Logo depois, Jesus obrigou seus discípulos a entrar na barca e a passar, antes dele, para a outra margem, enquanto Ele despedia a multidão. Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. Chegando à noite, estava lá sozinho. Entretanto, já a boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Pela quarta vigília da noite, Jesus veio a eles, caminhando sobre o mar. Quando os discípulos o perceberam caminhando sobre as águas, ficaram com medo: "É um fantasma!" Disseram eles, soltando gritos de terror.Jesus logo lhes disse: 'Tranquilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!' Pedro tomou a palavra e falou: Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto de ti! Ele disse-lhe: 'Vem!' Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus. Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: 'Senhor, salva-me!' No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e lhe disse: 'Homem de pouca fé, por que duvidaste?' Apenas tinham subido para a barca, o vento cessou. Então, aqueles que estavam na barca prostraram-se diante dele e disseram: Tu és verdadeiramente o Filho de Deus”. (cf. Mateus 14,22-33).

Na nossa vida, sempre haverá tempestades, pois as maiores não são as tempestades externas, mas as tormentas interiores. Por isso não podemos estar sozinhos, sem Jesus, sem companheiros de caminhada. A nossa fé sempre será provada, é assim que amadurecemos, crescemos. São tantos fantasmas no caminho, mas não podemos nos enganar e confundi-los com Deus. O mais importante é reconhecê-Lo, manter os olhos fixos no Senhor e clamar-Lhe a salvação. Ter a coragem de nadar contra maré, assumir o sofrimento e ouvir dos lábios do Senhor as Palavras da salvação: "Tranqüilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!" 


Jesus repete para você, que se encontra no meio de uma tempestade emocional, de problemas financeiros, de saúde, do relacionamento conjugal, ouvindo muitas vozes e assustado por tantos fantasmas que travam a nossa vida: "Tranquilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!" 


Agora reze com confiança esta oração: 

"Senhor, não me deixe perecer nas tempestades da vida, afundar nos momentos de dificuldades. Tudo fica tão escuro e confuso, que eu posso até confundi-Lo. Por isso, quero manter os meus olhos fixos em Ti e não Te perder de vista, estender minhas mãos e tocar as Tuas, ouvindo sempre as santas Palavras: 'Não tenhais medo, sou eu!'. Senhor, aumenta a minha fé e, nos momentos de grande tribulação, quero perceber sempre a Tua presença junto de mim a me salvar. Guarda a minha vida de todo mal e perigo e, principalmente, desejo sempre ser orientado pela Tua Palavra, que é fonte de cura e libertação para mim". Amém