“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu
nele” (Jo 6,57). S. Dionísio Areopagita diz que o amor tende sempre à
união com o objeto amado. E porque a comida se faz uma só coisa com quem
a toma, por isso Nosso Senhor quis fazer-se comida, para que nós,
recebendo-o na santa comunhão, nos tornássemos uma só coisa com ele:
“Tomai e comei: isto é o meu corpo” (Mt 25,26). Como se quisesse dizer,
assevera S. João Crisóstomo: Comei-me, para que nos tornemos um só ser
(Hom. 15 in Joan), alimenta-te de mim, ó homem, para que de mim e de ti
se faça uma só coisa. Assim como dois pedaços de cera derretidos, diz S.
Cirilo Alexandrino, se misturam e confundem, da mesma forma uma alma
que comunga se une de tal maneira a Jesus que Jesus está nela e ela em
Jesus. Ó meu amado Redentor, exclama S. Lourenço Justiniano, como
pudestes chegar e amar-vos tanto e de tal modo unir-vos a vós, que o
vosso coração e do nosso não se fizesse senão um só coração? (De div.
amor, c. 5). Tinha, pois, razão S. Francisco de Sales de dizer, falando
da santa comunhão: O Salvador não pode ser considerado em nenhum outro
mistério nem mais amável nem mais terno que neste, no qual se aniquila,
por assim dizer, e se reduz a comida para penetrar em nossas almas e
unir-se ao coração de seus fiéis: E assim, diz S. João Crisóstomo, nós
nos unimos e nos tornamos um corpo e uma
carne
com aquele em quem os anjos não ousam fixar seus olhares. Que pastor,
ajunta o santo, alimenta suas ovelhas com seu próprio sangue? Mesmo as
mães dão seus filhos a amas estranhas. Jesus, porém, nesse sacramento
nos alimento com o seu próprio sangue e
une-se a nós (Hom. 60). Em suma, ele quer fazer-se nosso alimento e uma
mesma coisa conosco, porque nos amava ardentemente (Hom. 51).
(Santo Afonso de Ligório – A paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, I, V, 2)
Nenhum comentário:
Postar um comentário