NECESSIDADE QUE TEMOS DA INTERCESSÃO DE
MARIA SANTÍSSIMA PARA NOSSA SALVAÇÃO
Santo Afonso Maria
(Fonte: “Meditações para todos os dias do ano”, Tomo III)
“Gens et regnum, quod non servierit tibi, peribit” –
“A gente e o reino que te não servir, perecerá” (Is LX, 12).
I.Que
a prática de invocar aos Santos, afim de nos alcançarem a divina
graça, seja não somente lícita, mas também útil, é um ponto da fé.
Entre os Santos, porém, que são amigos de Deus, e a Santíssima Virgem,
que é sua verdadeira Mãe, há esta diferença, que a intercessão de Maria
não é só utilíssima, mas também moralmente necessária, de modo que o
Bemaventurado Alberto Magno e São Boaventura chegam a afirmar que todos
os que se descuidam da devoção a Nossa Senhora, não a servem, e
consequentemente não são por ela protegidos, morrerão todos em pecado
mortal, e se condenarão: “A gente que te não servir, perecerá”. É esta,
diz Soares, a opinião universal da Igreja.
E
com razão; porquanto, não sendo nós capazes de conceber um só bom
pensamento em ordem à vida eterna, a graça divina nos é indispensável
para a salvação. Verdade é que só Jesus Cristo nos mereceu esta graça,
por ser Medianeiro de justiça. Mas, para nos inspirar mais confiança de
obtermos a graça, e ao mesmo tempo para exaltar sua Mãe Santíssima,
Jesus a depositou nas mãos de Maria, e, constituindo-a medianeira de
graça, decretou que nenhuma graça fosse dispensada aos homens sem que
passasse pelas mãos de Maria.
Numa
palavra, diz São Bernardo, Deus constituiu Nossa Senhora como que um
“aqueduto” dos bens celestes que descem à terra, e determinou que por
meio de Maria recebamos o Salvador que por seu intermédio nos foi dado
na Incarnação. Vede, pois, conclui o Santo, vede, ó homens, com que
afeto de devoção quer o Senhor que honremos à nossa Rainha,
refugiando-nos sempre a ela e confiando em seu patrocínio!
II.
Assim como Holofernes, para conquistar a cidade de Bethulia, ordenou
que se cortassem os aquedutos, também o demônio faz quanto pode, afim
de que as almas percam a devoção à Mãe de Deus. Pela experiência o
espírito maligno sabe que, tapado este canal das graças, depois fácil
ou, antes, certamente consegue conquista-las. Quantos cristãos estão
agora no inferno por se terem deixado iludir assim. Nós, portanto,
demos graças á divina Mãe, por nos ter tomado debaixo de seu santíssimo
manto, como no-lo garantem as graças recebidas pela sua intercessão.
Ao mesmo tempo, porém, examinemos se por ventura estamos resfriados na
sua devoção, e renovemos nosso propósito de sermos para o futuro mais
constantes.
Sim,
eu vos dou graças, ó minha Mãe amorosíssima, por todos os bens que
tendes feito a este desgraçado réu do inferno. Ó minha Rainha, de
quantos perigos me tendes livrado! Quantas luzes e quantas
misericórdias me tendes alcançado de Deus! Que grande bem, ou que
grande honra recebestes de mim para vos empenhardes tanto a meu favor?
Foi só a vossa bondade que a isso vos moveu. Ah! Se eu pudesse dar por
vosso amor o sangue e a vida, ainda seria pouco, à vista da obrigação
que vos devo, pois que me livrastes da morte eterna e me fizestes
recuperar, como espero, a graça divina; a vós sou devedor de toda a
minha felicidade.
Senhora
minha amabilíssima, eu, miserável, não tenho que vos dar senão os meus
louvores e o meu amor. Ah, não desprezeis o afeto de um pobre pecador,
abrasado em amor pela vossa bondade. Se o meu coração é indigno de vos
amar, por estar imundo e cheio de afetos terrestres, vós o podeis
mudar: mudai-o, pois. Ah, minha Senhora prendei-me a meu Deus, e
prendei-me de tal modo que nunca mais possa separar-me de seu amor. Vós
quereis que eu ame o vosso Deus; e eu quero que me alcanceis este
amor; fazei que o ame sempre e nada mais deseje.
Ó MARIA, CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!
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